Perguntas Frequentes
“O homem se torna muitas vezes o que ele próprio acredita que é. Se insisto em repetir para mim mesmo que não posso fazer uma determinada coisa, é possível que acabe me tornando realmente incapaz de fazê-la. Ao contrário, se tenho a convicção de que posso fazê-la, certamente adquirirei a capacidade de realizá-la, mesmo que não a tenha no começo. (Ghandhi)”
Tanto o psicólogo quanto o psiquiatra têm o mesmo objeto de estudo, o funcionamento psíquico e as características da mente humana.
O psiquiatra aborda a mente humana sob o enfoque farmacológico e a sua interação com a identidade da pessoa.
O psicólogo faz uso da técnica da fala, explorando a visão individual de mundo da pessoa frente as suas fontes de angústia, buscando aprofundar o autoconhecimento sobre as fontes geradoras das possíveis dificuldades psíquicas em lidar com o mundo.
Sabe-se que atualmente a distinção entre a relação corpo-mente extrapola a dicotomia imposta pela ciência moderna, ela procura transpor tal paradigma aproximando as diferentes ciências que estudam o comportamento humano, de forma que tanto a medicação quanto a psicoterapia proporcionam a melhora das dificuldades emocionais.
Toda condição humana está voltada para o futuro e desde muito cedo o homem já vem se preparando para ter um futuro “brilhante”, sem sofrimentos, sem frustrações, enfim sem nenhuma decepção. Assim pelo menos é o que deseja toda mãe, já que ser mãe é proteger e se possível viver a sua vida através de seus filhos dando tudo o que for possível para protegê-lo do “mundo lá fora”. Isso faz com que hoje sejam geradas muitas expectativas frente aos filhos, sendo que a melhor forma de lidar com a ansiedade é protegê-los, capacitá-los o mais cedo possível, para facilitar a sua vida frente ao futuro inevitável e desafiador para todo ser humano.
Só que, ao crescer em uma sociedade que preza a independência, facilitada pelo acesso à informação muito mais rápida frente aos novos meios de comunicação como a internet e as transmissões via satélite, o filho está na era da informação, extraindo dela modelos, heróis, exemplos, tais como: bens de consumo, status profissional, vida familiar e sobretudo a liberdade de escolha frente a um universo de opções tanto concretas quanto abstratas, como novas estruturas familiares que emergem, ou a liberdade sexual para escolha de parceiros, entre tantas outras formas de manifestações da sociedade.
Diante desta situação, fica impossível para qualquer pai prever as experiências que os seus filhos virão a sofrer, já que eles mesmos sofrem as exigências e pressões sociais e culturais, procurando estruturar a sua vida de forma mais adequada para si mesmo, motivando-o a “lutar” com a vida, almejando melhoras em todas as esferas.
Com isso surgem crises, dores, mudanças, perdas, expectativas e decepções, tudo para obter a felicidade e melhorar a sua qualidade de vida. E para estas emoções e sensações surgem definições como:
Estar ansioso: Constitui uma reação fisiológica (normal) responsável pela adaptação do organismo diante de situações que exijam uma reação rápida e eficiente, uma situação de perigo.
Estar Estressado: Alteração dos sistemas orgânicos para reconhecer e adaptar-se a uma situação nova. Ele é imprescindível para manter o organismo alerta frente aos possíveis “perigos” que este venha a sofrer. Muitas vezes atrelada à condição humana do pensamento.
Psicossomática: Vem do grego, psique (mente) + soma (corpo), ou seja, dores ou doenças que atingem a pessoa sem ter origem orgânica associada, através de fatores emocionais em condições em que não há adaptação da vida frente a algumas situações cotidianas.
As definições acima de ansiedade e estresse, remetem ao sofrimento frente às mudanças e situações que não podem ser modificadas de imediato, exigindo assim o exercício da paciência e da rotina, já que, ao contrário dos homens das cavernas, o ser humano de hoje não está exposto somente à violência urbana e à morte, muitas vezes estes perigos são associado ao desemprego, à traição afetiva, à promoção, uma viagem, ao nascimento de um filho, já que todos vivem em uma mesma comunidade, mas a percebem de forma individual, criando assim conhecimentos e conflitos existenciais, tais como: de onde vim, para onde vou.
As questões emocionais fazem parte da condição humana, e os “problemas” se instalam quando os seus valores, os desejos e as expectativas fogem daquilo inicialmente idealizado, fazendo com que o organismo, mais especificamente a mente, reaja para adaptar-se frente às reações emocionais desencadeadas pelas situações de descontrole da rotina e das exigências individuais de cada um.
Dessa forma, surge a necessidade de uma ciência atuante, frente à demanda emocional, já que esta foge do controle do corpo e ganha a representatividade simbólica, notada pelo uso da psicoterapia e o surgimento de ciências como a Psicologia, para melhorar a compreensão deste universo mental, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Sabe-se que o círculo do pensamento só é rompido ou modificado a partir da compreensão das situações que geram a ansiedade ou o estresse crônico, sendo significadas dentro da realidade individual, pois cada ser humano percebe o mundo de uma forma singular, mas muitas vezes ele é impossibilitado de falar o que pensa, de fazer aquilo que gostaria, ficando preso às suas virtudes e vícios, acreditando que expor as suas dúvidas e angústias para a sociedade implicaria num sofrimento ainda maior. Por quê?
A independência que tanto busca encontra-se em si mesmo, pois ele almeja a perfeição externa, mas muitas vezes se esquece de seus reais desejos e sonhos, entregando- se a um emaranhado de normas de conduta moral e social, que se não forem compreendidas levam ao sofrimento psíquico, gerando culpa e descrença frente ao seu próprio olhar para a vida, fazendo com que o futuro deixe de ser atrativo e desafiador, passando a ser o seu cárcere, restando somente aguardar, muitas vezes agarrando-se ao passado, o que o impossibilita de ter prazer na sua relação com a vida.
O homem deixa de ser mecânico e corporal como na época das cavernas e ganha o mundo abstrato, um mundo muitas vezes impalpável, onde reações físicas não resolvem os conflitos e muito menos trazem as soluções, mas as emoções acontecem e fogem ao controle, como sentimentos de raiva, ódio entre outras, restando somente dar vazão a essas sensações de modo subjetivo, sendo essa a única maneira de aliviá-lo de seu sofrimento psíquico. Por isso, termos como estresse crônico ou doenças psicossomáticas não são manifestações passageiras simplesmente, elas levam à degeneração da identidade individual, daí a necessidade de se dar ouvidos às reações tanto orgânicas quanto pensamentos infundados.